08/04/2014

ESTÁ AÍ O NOVO QUADRO COMUNITÁRIO DE APOIO (2014-2020), HÁ QUE REFLECTIR!…


Muito se tem falado do novo Quadro de Referência Estratégica Nacional (QREN), muitas são as palestras, muitas são as opiniões, muitos são os erros do passado (…) mas também é verdade que muito se tem feito com os apoios comunitários. Sabemos que as grandes linhas de orientação deste novo quadro comunitário são para o “empréstimo” assente em pressupostos de retorno e não para o “empréstimo” a fundo perdido, bem como está orientado para as empresas em detrimento das políticas públicas.

Sendo um objectivo de enorme relevância canalizar os fundos comunitários para investir, dinamizar, desenvolver as empresas e sobretudo no que se refere à criação de emprego. Considero que ao nível das políticas públicas seria importante ou mesmo crucial manter algumas orientações do QREN que agora termina. Nomeadamente ao nível da inclusão social, regeneração urbana, educação e formação e sobretudo introduzir (ou explorar) um eixo de intervenção que me parece  muito importante para os próximos anos, ou seja a sustentabilidade de (alguns) equipamentos que foram construídos com a ajuda de fundos comunitários e que agora dificilmente poderão continuar a funcionar.

No plano da inclusão social é importante considerar o actual cenário de crise e a austeridade que vivemos, onde as ajudas do QREN poderiam assumir um papel determinante ao nível do combate à pobreza. Isto numa óptica de descentralização dos fundos comunitários nas IPSS e Autarquias (Redes Sociais, Gabinetes de Inserção Profissional, etc.). Potenciando assim nestes organismos a componente de desenvolvimento local que lhes está inerente, porque são estas estruturas que conhecem melhor a realidade social e sobretudo as famílias mais necessitadas dentro do actual cenário de crise económica.

Relativamente à regeneração urbana há que reconhecer a aposta e o trabalho desenvolvido ao abrigo do último QREN (FEDER e FSE), mas por exemplo, no caso de Lagos e nomeadamente ao nível dos centros históricos, este novo quadro comunitário poderia (continuar…) a apoiar de forma abrangente intervenções ao nível da renovação das redes de abastecimento de água e esgotos. São investimentos necessários e que muitas autarquias, não têm verbas e muitos menos receitas para investir na renovação destas infra-estruturas, que são essenciais para manter a qualidade de vida dessas zonas.

Os apoios comunitários na educação e formação, vão continuar e outra coisa não seria de esperar. Pois além da necessidade do aumento das qualificações, a aposta em “novos” conceitos formativos, como cursos de dupla certificação de nível IV deve ser reforçada, ou mesmo, dar maior ênfase em intervenções prioritárias como o caso o Programa Formação Algarve.

Ao nível da formação profissional era muito importante direccionar os vários programas de formação também para os licenciados, o facto de ter “habilitações a mais” não deve determinar a participação dessas pessoas nos cursos. Pois se considerarmos variáveis como as actuais taxas de desemprego, a fraca saída para o mercado de trabalho de muitos cursos, ou ainda, o aumento de licenciados, é expectável que muitos licenciados tenham que (re)direccionar ou mudar o seu projecto vida para outras áreas que não a da licenciatura.

Por último a questão da sustentabilidade de (alguns) equipamentos, que foram construídos com a ajuda de fundos comunitários e que agora dificilmente poderão continuar a funcionar. Esta é uma realidade que neste momento  está espalhada por todo o país, sabemos que muitos dos casos tiveram a sua génese na ausência de planeamento e com conceitos de gestão estratégica ignorados. Mas a agora temos que saber lidar com as estas situações, ainda mais quando muitos dos equipamentos estão construídos e a funcionar!...

Se considerarmos que  QREN teve um papel fundamental no investimento público, agora, é o momento de repensar e sobretudo ponderar a continuidade desses investimentos. Mas penso que seria importante o novo quadro comunitário (re)direccionar alguns dos fundos ainda disponíveis para o investimento público, para um eixo de intervenção ao nível da sustentabilidade de alguns dos equipamentos construídos.

Muito haveria para dizer sobre o novo QREN, muito haveria para dizer sobre as verbas contempladas por regiões!
Enfim voltarei ao assunto um dia destes...

Fernando Cristino Marreiro
Deputado Municipal PSD - LAGOS
Membro da Assembleia Distrital do PSD ALGARVE