09/03/2017

LAGOS - MAIS UMA VEZ O TEMA DA EXCLUSÃO SOCIAL...!

Em Setembro 2012, escrevi uma  breve nota com o tema  «Degradante situação de exclusão social» (reportava a situação de um sem abrigo), que originou varias reações da área técnica e política. Na altura, considerei que mais importante que as reações, (todas elas respeitosas e preocupadas com a situação identificada), era tentar interpretar "este” estigma de exclusão social em Lagos, o qual se tinha agravado com crise económica... (da qual ainda temos muitos sintomas).


Volvidos quase 5 anos, diria que a exclusão social continua na ordem do dia. Com a diferença que antes o fenómeno estava essencialmente ligado aos grandes centros urbanos e neste momento prolifera em quase todas cidades ou vilas, de que são exemplo várias situações no concelho de Lagos.

Mais do que nunca a componente técnica e política têm que estar alinhadas no sentido de criar respostas eficazes a este tipo população. Porque para além de necessidades também existem vontades que devem ser respeitadas, diria mesmo, que a prática de ação social neste momento passa por reforçar a compreensão desta problemática e sobretudo considerar na sua resolução as ditas vontades que atrás referi.

Se o reflexo da exclusão social tem a sua forma mais visível nos sem-abrigo, logo há que investigar o porquê dessas situações (uma a uma), os seus hábitos, os locais de dormida, o relacionamento entre eles, a sua sociabilidade e relação com a sociedade em geral, se têm família, etc... É urgente traçar uma matriz de intervenção em torno destas questões, de forma a determinar uma política social coerente, com aplicação pratica no tempo e não através de abordagens abstratas, vazias, marcadas pelo imediatismo e mediatização técnica e politica. Muitas vezes implementadas com a boa vontade, bem-vindas nesse momento, mas não resolvem absolutamente nada, “mascarando” sim ainda mais a problemática.

No caso de Lagos atrevo-me a dizer que é urgente criar uma equipa de rua no sentido de explorar as vontades e estabelecer contactos continuados com essa população,  caso contrário dificilmente estes excluídos procurarão apoio social e a tendência de multiplicação e degradação destas situações é de risco elevado. Antes de oferecer qualquer coisa, há que entender e sobretudo conversar com essas pessoas e só depois tentar ajuda-las através de um processo de (re)integração social.

É o momento de “colocar um pouco de lado” os referenciais teóricos, regimentais e legislativos que sendo importantes instrumentos de orientação e regulação, complicam a prática social do dia-a-dia, com não sei quantas reuniões de comissões, de delegações, de redes, de grupos de trabalho, etc. etc. Temos que transformar, transportar e sobretudo aplicar essa “burocracia de secretária”, na “rua”, atuando de forma objetiva, direta e o mais realista possível e sobretudo próxima de quem necessita!

Fernando Marreiro
Sociólogo
Deputado Municipal PSD

Fotos retiradas de:facebook página Lagos Minha Cidade