Em Setembro 2012, escrevi uma
breve nota com o tema «Degradante situação de exclusão social» (reportava
a situação de um sem abrigo), que originou varias reações da área técnica e política. Na altura, considerei
que mais importante que as reações, (todas elas respeitosas e preocupadas com a situação identificada), era tentar interpretar "este” estigma de exclusão social em
Lagos, o qual se tinha agravado com crise económica... (da qual ainda temos muitos
sintomas).
Volvidos quase 5 anos, diria que a
exclusão social continua na ordem do dia. Com a diferença que antes o fenómeno
estava essencialmente ligado aos grandes centros urbanos e neste momento prolifera
em quase todas cidades ou vilas, de que são exemplo várias situações no concelho
de Lagos.
Mais do que nunca a
componente técnica e política têm que estar alinhadas no sentido de criar
respostas eficazes a este tipo população. Porque para além
de necessidades também existem vontades que devem ser respeitadas, diria mesmo, que
a prática de ação social neste momento passa por reforçar a compreensão
desta problemática e sobretudo considerar na sua resolução as ditas vontades
que atrás referi.
Se o reflexo da exclusão social tem a sua forma mais visível nos sem-abrigo, logo há que investigar o porquê
dessas situações (uma a uma), os seus hábitos, os locais de dormida, o relacionamento
entre eles, a sua sociabilidade e relação com a sociedade em geral, se têm
família, etc... É urgente traçar uma matriz de intervenção em torno destas
questões, de forma a determinar uma política social coerente, com aplicação
pratica no tempo e não através de abordagens abstratas, vazias, marcadas pelo
imediatismo e mediatização técnica e politica. Muitas vezes implementadas com a boa vontade, bem-vindas nesse momento, mas não resolvem
absolutamente nada, “mascarando” sim ainda mais a problemática.
No caso de Lagos atrevo-me a dizer que é urgente criar uma
equipa de rua no sentido de explorar as vontades e estabelecer contactos
continuados com essa população, caso contrário dificilmente estes
excluídos procurarão apoio social e a tendência de multiplicação e degradação destas
situações é de risco elevado.
Antes de oferecer qualquer coisa, há que entender e sobretudo conversar
com essas pessoas e só depois tentar ajuda-las através de um processo de
(re)integração social.
É o momento de “colocar um pouco de lado” os referenciais
teóricos, regimentais e legislativos que sendo importantes instrumentos de orientação
e regulação, complicam a prática social do dia-a-dia, com não sei quantas
reuniões de comissões, de delegações, de redes, de grupos de trabalho, etc. etc.
Temos que transformar, transportar e sobretudo aplicar essa “burocracia de
secretária”, na “rua”, atuando de forma objetiva, direta e o mais realista possível
e sobretudo próxima de quem necessita!
Fernando Marreiro
Sociólogo
Sociólogo
Deputado
Municipal PSD
Fotos retiradas de:facebook página Lagos Minha Cidade
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