21/04/2015

LAGOS - REFLEXÃO SOBRE O «NOVO» PLANO DIRECTOR MUNICIPAL - PARTE 1

É inequívoco que o planeamento do território é uma necessidade, mas também e inequívoco que qualquer plano deve satisfazer as necessidades actuais e futuras dos habitantes de um determinado local, e neste caso de Lagos.

Com os diferentes planos já existentes no Concelho e com este PDM em particular, certamente que as várias equipas técnicas procuraram estabelecer e respeitar as regras essenciais para a ocupação e uso do solo, objectivando a qualidade de vida das populações e sobretudo a sustentabilidade e equilíbrio dos diferentes recursos e potencialidades existentes no concelho.

Mas porque demorou tanto tempo!... Tanto tempo que agora na altura da aprovação, tenho dúvidas se o mesmo não colide com a estratégia de desenvolvimento que o mesmo prevê (traça) para o Concelho… 

PARTE - 1: REFLEXÃO SOBRE A PARTICIPAÇÃO PÚBLICA:

Dou como exemplo esta última fase referente à participação pública… e Pergunto:
Como é que podemos assegurar um amplo processo de participação pública, assente na transparência e sobretudo na possibilidade dos cidadãos poderem influenciar ou não o processo de decisão referente o PDM, se o mesmo está definido e balizado?

Nas sessões públicas que assisti e após algumas intervenções, foi referido mais que uma vez que o "arrastamento" do desenvolvimento do próprio PDM, arrastou consigo a especulação, ou o conhecimento à priori das suas áreas de desenvolvimento, originando a concentração das mesmas, por coincidência ou não, em um ou dois promotores imobiliários. Afirmaram alguns intervenientes que foi por “adivinhação”, que se adquiriram esses terrenos e não outros… naturalmente que estes e muitos outros aspectos colocam e irão continuar a colocar em causa a eficiência do próprio PDM a curto, médio e longo prazo. Dificilmente se pode falar de um verdadeiro e transparente ordenamento do território se isto de facto aconteceu!

Mas ainda dentro da esfera da participação pública, Pergunto:
Que influência terá essa participação no actual plano?
Qual o tratamento que é dado à participação, alguma coisa será (poderá ser) alterada?
Quantas participações públicas existiram?
Quais as tipologias de participação?
Quais os domínios temáticos?
Quais as preocupações dos cidadãos?
Esses dados serão levados em conta em futuras revisões? Qual a é vinculo que existe para que isso aconteça?

Pelo que li do documento, pela recolha de opiniões que tenho efectuado junto de especialistas e também do cidadão comum, não coloco em causa a formalidade técnico-jurídica do PDM e muito menos a sua necessidade para o Concelho. Mas neste momento tenho a sensação, se não mesmo convicção que após tantos anos de elaboração, que ele carece de um elevado deficit de envolvimento das populações, sobretudo ao nível do seu planeamento... e porquê?

Se for verdade que existem aspectos que pela sua natureza de “adivinhação” colocam em causa o próprio PDM, não tenho dúvidas que estamos perante um instrumento que terá como um dos principais factores críticos de sucesso, a sua eficiência ao nível da medição do contacto com os problemas (reais das populações), versus oportunidades que temos no concelho (…ao nível da gestão do território). Nomeadamente quando planos de hierarquização inferior determinam em larga medida a gestão operacional do próprio PDM … penso que a opção deveria ter sido a harmonização, mas com o PDM a prevalecer.

Essa relação não foi suficientemente aprofundada, nomeadamente ao nível das preocupações e opiniões, porque são as pessoas que conhecem o território, são elas que muitas vezes que nos orientam para as soluções. Não podemos "é ficar isolados" apenas e só nos pareceres técnicos, temos que “Questiona-los?”… Claro que isto ainda tem mais reflexo, quando a estratégia politica em matéria de ordenamento do território não é suficientemente clara ou se encontra ainda por definir…

Continua...


Fernando Cristino Marreiro
Deputado Municipal PSD
Membro da Assembleia Distrital PSD - Algarve

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