07/07/2015

LAGOS: DISSOLUÇÃO, LIQUIDAÇÃO E INTERNALIZAÇÃO DA ATIVIDADE DA EMPRESA MUNICIPAL - FUTURLAGOS, EM SA (Posição Política)

O Partido Social Democrata de Lagos, sempre teve uma posição clara relativamente ao sector empresarial municipal, manifestamos inúmeras vezes, quer na Câmara como na Assembleia Municipal que éramos e somos contra ao tipo de empresas criadas pelo PS em Lagos. Pois o PSD deixou a Câmara Municipal financeiramente equilibrada, o que garantia por si só a sustentabilidade de investimentos para os próximos anos, sem colocar em risco a própria autarquia com este tipo de empresas.

Recentemente e após várias reuniões/discussões, entre requisitos e domínios jurídicos sobre a dissolução ou fusão da FuturLagos, o actual executivo socialista opta pela sua dissolução. Propõem agora a internalização da actividade da empresa municipal e uma fusão com a Lagos em Forma (outra empresa municipal), ao nível da gestão do estacionamento tarifado e parques de estacionamento cobertos de Lagos.

Na qualidade de Deputado Municipal, debrucei-me sobre a fundamentação apresentada pelo actual Executivo socialista e confesso que esperava que a mesma estivesse centralizada em princípios de gestão, critérios de eficiência ou eficácia ou até mesmo por algum suporte de orientação estratégica em matéria empresarial municipal ou de desenvolvimento para Lagos.

Mas não, a mesma centraliza-se na opção de cumprimento ou não dos requisitos previstos na lei e os aspectos ligados à gestão, estratégia e resultados da empresa FuturLagos são remetidos para um segundo plano. A proposta assenta essencialmente em critérios de alteração legislativa - Lei n.º50/2012 de 31 de Agosto, regime jurídico da actividade empresarial local, que introduziu e muito bem limitações às actividades e financiamento das empresas locais, fico com a convicção que não fosse a alteração da lei e certamente a FuturLagos continuaria a funcionar.

O actual Executivo camarário faz ainda o enfoque na reunião de Assembleia Municipal de 25 de Fevereiro de 2013, reunião onde se aprovou sob proposta da Câmara a fusão das duas empresas municipais, que é verdade, mas relembro que com os votos contra do PSD, dos restantes partidos e inclusive de um deputado do PS.

No caso da FuturLagos, o Partido Socialista tenta apagar o seu passado, no sentido de minimizar o impacto negativo que essa gestão teve, tem e terá no futuro de todos os Lacobrigenses. Basta pensar no modelo de financiamento adoptado por essa empresa municipal, dando como exemplo as duas "swaps", criando um compromisso para a autarquia superior a 90.000.000 (noventa milhões de euros). 

Na minha opinião tudo isto merecia uma reflexão e avaliação mais profunda como por exemplo:
Qual foi participação da FuturLagos nesse processo e modelo de financiamento? 
Existe alguma avaliação sobre a eficácia e eficiência do mesmo? 
Qual a relação de custo benefício para Lagos e para os Lacobrigenses? 
Qual será a capacidade investimento da Câmara Municipal nos próximos anos? Porque será que pagamos tanto de IMI? 
Porque será  que temos a água a este preço?
Quem foram os Gestores deste negócio?

Na proposta de dissolução, liquidação e internalização da actividade da Futurlagos, que foi apresentada pela actual Câmara, constam lá dois considerandos ou diria duas notas justificativas que considero muito interessantes:

A primeira associada aos critérios legais e jurídicos já referidos, que nos diz o seguinte: «Considerando que o processo de visto do tribunal de contas não foi concluído e ficou suspenso na sequência de pedido de esclarecimentos», e uma segunda «Considerando a reflexão feita relativamente à actividade da empresa, o atual contexto socioeconómico, o decréscimo de projectos e acções que a nova entidade empresarial iria desenvolver, e o facto de que os mesmos seriam susceptíveis de ser assumidos, com igual eficácia e eficiência, pela capacidade técnica existente nos serviços municipais, é nossa convicção não subsistir justificação para a transferência da globalidade das atividades para nova empresa a criar no âmbito da fusão»

Penso que seria melhor para Lagos e os Lacobrigenses que a última parte tivesse ficado assim: não existe é justificação para que a globalidade das actividades da actual empresa não possam passar para a Câmara Municipal. 

A existir uma internalização, a mesma deveria ser total, porque a «gestão do estacionamento tarifado e parques de estacionamento cobertos de Lagos» pode e devia ser assumida pela Câmara Municipal, inclusive seguindo o enquadramento que o actual Regulamento Orgânico Municipal permite.

Concluindo que as justificações desta internalização estão longe do “iminentemente empresarial”, ou que seja mais eficiente realizado por uma empresa municipal, mais uma vez o Partido Socialista está repetir um erro do passado:
1.Confusão e ambiguidades no objeto social, nomeadamente ao nível da empresa Lagos em Forma;
2.Vamos duplicar serviços e funções em competências próprias e ativas da Câmara Municipal;
3.Estamos a pactuar com a pouca transparência na gestão autárquica, pois nesta situação não estamos sujeitos por exemplo às inspecções da DGAL;
4.Qualquer fiscalização do tribunal de contas é sempre realizada à posteriori;
5.Não existe a necessidade de visto prévio no assumir de responsabilidades;
6.A contratação de Recursos Humanos é livre;
7.Mais que eminentemente empresarial as empresas municipais são sorvedouros de dinheiro, para os quais não existe justificação fundamentada;
8.Muitas vezes tornam oculta a gestão camarária.

Fernando Cristino Marreiro
Deputado Municipal PSD
Membro Da Assembleia Distrital do PSD

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