No
próximo fim-de-semana temos a XIV – FETAAL (Feira de Tradições e Artes do
Algarve) em Bensafrim, trata-se de uma feira cada fez mais enraizada no calendário
de festas de verão do concelho de Lagos e que este ano a exemplo do ano passado
assenta o seu programa na animação musical e na exposição de doçaria.
Decorria
o ano 2002, quando a Junta de Freguesia de Bensafrim constituída por João Luís
Gomes, Carlos Vieira e por mim decidiu avançar com este projecto. A ideia surgiu
do Carlos Vieira, fundando-se assim a FETAAL no sentido de se revitalizar e
promover um conjunto de tradições e artes da nossa região e sobretudo elevar o
nome e dar a conhecer a maior freguesia rural do concelho de Lagos.
O
conceito de feira idealizado por nós assentava numa estratégia de proximidade e estava orientado para as práticas de sociabilidade fortemente enraizadas no meio rural,
onde as tradições e artes seriam o elemento integrador e o corpo da FETAAL. Por
outro lado nós sentíamos a necessidade de reforçar os laços relacionais desta
comunidade que se encontravam enfraquecidos, fruto do êxodo rural, das novas
vivências em sociedade e até da própria globalização. Foi assim que partimos em
2002, para esta aventura da FETAAL com a colaboração da Câmara Municipal,
Associação Equestre de Bensafrim, Associação de Caçadores e Estrela Desportiva
de Bensafrim.
A
feira revelou-se um sucesso no seu todo, sobressaindo a exposição equestre e actividades subjacentes, exposição de animais (caprinos, ovinos, bovinos), as
artes e tradições, o artesanato, a gastronomia e doçaria, os jogos
tradicionais, as batidas ao javali, a animação canina, exposição de galinhas,
etc. Com uma animação musical muito selecionada e direcionada para o tipo de
evento em causa, porque o objectivo da FETAAL, não se centralizava nesse campo.
Enquanto
fundador da FETAAL, considero que nos últimos anos falta o «perfume» das artes
e tradições que originaram o aparecimento do evento e que deveriam estar na sua
essência. Hoje resume-se à doçaria e a algum artesanato, transferindo-se o
elemento integrador da feira para a plenitude da animação musical “pimba” (que
deve estar presente, mas não assim). Como atrás referi, esta feira deveria
continuar a estar assente numa estratégia de proximidade e orientada para as
práticas de sociabilidade enraizadas no meio rural, onde as tradições e artes
deveriam continuar a ser o seu elemento integrador e o corpo da mesma.
Nos
últimos anos temos assistido a uma promoção das actividades equestres e
exposição de cavalos aquém das expectativas, desapareceram muitas tradições,
jogos e brincadeiras. Não se vê o sapateiro, o torneiro, a exposição de gado
bovino ou caprino ou até mesmo o «desfile» de galinhas que tanto sucesso
tinha...ainda me lembro de um passeio equestre com 170 cavaleiros vindos de
todo o Algarve.
Não
querendo anunciar «uma morte lenta» para a FETAAL…ou pelo menos para aquela FETAAL
que ajudei a criar, onde a alegria e o «perfume» da sua realização residia em
todos os que colaboravam para a sua realização e sobretudo naqueles que nos
visitavam para ver as nossas tradições e artes. Penso que a organização do
evento deve repensar a estratégia e dinâmica de realização que tem sido introduzida
nos últimos anos.
Contudo,
temos mais uma FETAAL em Bensafrim nos dias 14,15,16 de Agosto que deve visitar
destacando a doçaria e a atuação do Grupo de Teatro Amador do Estrela
Desportiva de Bensafrim, revitalizado 26 anos depois e que neste momento tem em
cena a revista – “Há Estrela em Bensafrim”.
Fernando
Cristino Marreiro*
Deputado
Municipal do PSD
Fonte:
Fotos de F. Castelo (Fotos II e III -Fetaal)
*Fundador da Fetaal
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