13/08/2015

LAGOS (BENSAFRIM) - A FETAAL (Feira de Tradições a Artes do Algarve) ANTES E AGORA NA PERSPECTIVA DE UM FUNDADOR

No próximo fim-de-semana temos a XIV – FETAAL (Feira de Tradições e Artes do Algarve) em Bensafrim, trata-se de uma feira cada fez mais enraizada no calendário de festas de verão do concelho de Lagos e que este ano a exemplo do ano passado assenta o seu programa na animação musical e na exposição de doçaria. 

Decorria o ano 2002, quando a Junta de Freguesia de Bensafrim constituída por João Luís Gomes, Carlos Vieira e por mim decidiu avançar com este projecto. A ideia surgiu do Carlos Vieira, fundando-se assim a FETAAL no sentido de se revitalizar e promover um conjunto de tradições e artes da nossa região e sobretudo elevar o nome e dar a conhecer a maior freguesia rural do concelho de Lagos.

O conceito de feira idealizado por nós assentava numa estratégia de proximidade e estava orientado para as práticas de sociabilidade fortemente enraizadas no meio rural, onde as tradições e artes seriam o elemento integrador e o corpo da FETAAL. Por outro lado nós sentíamos a necessidade de reforçar os laços relacionais desta comunidade que se encontravam enfraquecidos, fruto do êxodo rural, das novas vivências em sociedade e até da própria globalização. Foi assim que partimos em 2002, para esta aventura da FETAAL com a colaboração da Câmara Municipal, Associação Equestre de Bensafrim, Associação de Caçadores e Estrela Desportiva de Bensafrim.

A feira revelou-se um sucesso no seu todo, sobressaindo a exposição equestre e actividades subjacentes, exposição de animais (caprinos, ovinos, bovinos), as artes e tradições, o artesanato, a gastronomia e doçaria, os jogos tradicionais, as batidas ao javali, a animação canina, exposição de galinhas, etc. Com uma animação musical muito selecionada e direcionada para o tipo de evento em causa, porque o objectivo da FETAAL, não se centralizava nesse campo.

Enquanto fundador da FETAAL, considero que nos últimos anos falta o «perfume» das artes e tradições que originaram o aparecimento do evento e que deveriam estar na sua essência. Hoje resume-se à doçaria e a algum artesanato, transferindo-se o elemento integrador da feira para a plenitude da animação musical “pimba” (que deve estar presente, mas não assim). Como atrás referi, esta feira deveria continuar a estar assente numa estratégia de proximidade e orientada para as práticas de sociabilidade enraizadas no meio rural, onde as tradições e artes deveriam continuar a ser o seu elemento integrador e o corpo da mesma.

Nos últimos anos temos assistido a uma promoção das actividades equestres e exposição de cavalos aquém das expectativas, desapareceram muitas tradições, jogos e brincadeiras. Não se vê o sapateiro, o torneiro, a exposição de gado bovino ou caprino ou até mesmo o «desfile» de galinhas que tanto sucesso tinha...ainda me lembro de um passeio equestre com 170 cavaleiros vindos de todo o Algarve.

Não querendo anunciar «uma morte lenta» para a FETAAL…ou pelo menos para aquela FETAAL que ajudei a criar, onde a alegria e o «perfume» da sua realização residia em todos os que colaboravam para a sua realização e sobretudo naqueles que nos visitavam para ver as nossas tradições e artes. Penso que a organização do evento deve repensar a estratégia e dinâmica de realização que tem sido introduzida nos últimos anos.

Contudo, temos mais uma FETAAL em Bensafrim nos dias 14,15,16 de Agosto que deve visitar destacando a doçaria e a atuação do Grupo de Teatro Amador do Estrela Desportiva de Bensafrim, revitalizado 26 anos depois e que neste momento tem em cena a revista – “Há Estrela em Bensafrim”.

Fernando Cristino Marreiro*
Deputado Municipal do PSD
 Fonte: Fotos de F. Castelo (Fotos II e III -Fetaal)


*Fundador da Fetaal

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